domingo, 8 de janeiro de 2012

O agente comunitário de saúde não deve ser um “super-herói”


A primeira experiência de agentes comunitários de saúde, ACS, como uma
estratégia abrangente de saúde pública estruturada, ocorreu no Ceará em
1987, com o objetivo duplo de criar oportunidade de emprego para as
mulheres na área da seca e, ao mesmo tempo, contribuir para a queda da
mortalidade infantil, priorizando a realização de ações de saúde da mulher e
da criança. Esta estratégia expandiu-se rapidamente no Estado, atingindo
praticamente todos os municípios em três anos, sendo encampada pelo
Ministério da Saúde (MS) mais ou menos nos mesmos moldes, em 1991. As
primeiras experiências do Programa de Saúde da Família, PSF, nos moldes
atuais, também surgiram no Ceará em janeiro de 1994, sendo encampadas
pelo MS em março do mesmo ano, como estratégia de reorganização da
atenção básica no país. A partir daí o Programa de Agentes Comunitários de
Saúde, PACS, passou a ser incorporado pelo PSF.
O PACS e o PSF, apesar do “p”, não devem ser vistos como programas, e
sim como estratégias estruturantes, já que se propõem a reorganizar a
atenção básica e não apenas aumentar a extensão de cobertura para as
populações marginalizadas. O próprio artigo esclarece que os princípios e
pressupostos do PSF contidos em documentos do MS vão muito além da
extensão da cobertura da atenção básica para a população pobre. O PACS e o
PSF, embora no início tenham sido implantados prioritariamente em áreas
marginalizadas, devem ser vistos como uma estratégia que, a médio e a

longo prazo, irá prover atenção básica em saúde para toda a população, de
acordo com os princípios da integralidade, universalidade e eqüidade do SUS.
A reorganização da atenção básica deve também pressionar os outros níveis
de atenção no sentido de que se reestruturem para atender com qualidade a
demanda advinda da atenção básica. Se a concepção não for essa, sou
obrigado a concordar com os críticos que dizem tratar-se de uma “cesta
básica da saúde” utilizando uma “medicina pobre para os pobres” mediante
ações de baixa tecnologia. Infelizmente, na prática, o trabalho de muitas
equipes do PSF ainda está limitado ao aumento da extensão de cobertura,
conseqüência de várias questões operacionais, mas também da falta de uma
adequada qualificação dos profissionais, inclusive dos gestores.

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