DE SALVADOR, BA, 25 de agosto (Folhapress) - Mesmo com a presença da Força Nacional na cidade desde o início da semana, confrontos entre índios e produtores rurais voltaram a acontecer ontem em Buerarema, no sul da Bahia, a 450 km de Salvador.
Manifestantes que protestam contra a invasão de 25 fazendas que segundo os índios estão em áreas indígenas atearam fogo em oito casas onde moram índios tupinambás, de acordo com a Polícia Civil. Eles também depredaram uma agência dos Correios e saquearam um mercado local.
A polícia diz que o acirramento da disputa ocorreu devido à chegada do irmão de um cacique, que teria insuflado o grupo a "assustar' os moradores, andando com armas pelo município.
O envio das tropas da Força Nacional, no último domingo, aconteceu após a intensificação do conflito.
Dois dias antes, durante mobilização de fazendeiros na rodovia BR-101, o mesmo mercado foi saqueado pelos manifestantes, que ainda incendiaram três veículos da Secretaria Especial de Saúde Indígena, ligada ao Ministério da Saúde.
Na véspera, dois índios haviam sido baleados numa estrada vicinal quando voltavam da escola, à noite. Eles estão no Hospital de Base, em Itabuna, e não correm risco de morte.
Fazendeiros relataram que, numa das invasões, índios atiraram coquetéis-molotov na mercearia de uma fazenda. Não houve feridos.
O cacique Val Tupinambá afirmou que as invasões são uma tentativa de pressionar o governo federal a publicar a demarcação de 47,3 mil hectares de área indígena, nos municípios de Buerarema, Ilhéus e Una. Na área há cerca de 600 fazendas.
A estimativa é a de que ao menos 300 índios participem das invasões.
No último dia 17, um dos fazendeiros cuja propriedade foi invadida disse à reportagem que a tendência era de que a situação na região ficasse cada vez mais tensa. "É muito grave o que está acontecendo. Os índios estão botando todo mundo para correr', afirmou.
Os tupinambás dizem que a violência começou do outro lado.
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